24.2.08

Winter Goodbye

6.2.08

Not Some Cliché

Caiu no chão: a luta é demasiado difícil. A minha cara encostada ao chão de cimento sujo e frio, as minhas mãos e joelhos esfolados, as lágrimas pretas a caírem – parece cliché? Sim, cena habitual e ordinária da minha vida. Ponho-me de joelhos, imploro, a voz a falhar-me, por um momento de paz, por um momento de silêncio, mas a vida não me dá mais do que o escuro, o frio, a podridão, dá-me uma luta, que não quero, que não posso combater. Enrolo-me em mim fecho os olhos por dois segundos, mas a única coisa que consigo ver é uma grande fenda preta para onde estou a cair – não, não…! O meu cabelo, anteriormente brilhante e bem escovado, está desgrenhado, a cair, a tentar sair daquele inferno: talvez ele possa mas eu não.
Gatinho – uma mão depois a outra, um joelho depois o outro – as feridas a arderem-me infectadas pelas bactérias de que a minha vida é feita. Isto dói, mas ninguém vê isso, isto é tão insuportável, e o único motivo pelo qual ainda o faço é porque sou fútil, porque ainda espero por um nascer do sol, porque ainda espero que o adversário tenha piedade de mim… Será que isso é ser estúpido? Querer que as coisas fiquem bem é ser estúpido, querer ter uma vida…?

Algo choca contra as minhas costas – é ela outra vez – e pergunto “Quando vais ter misericórdia? Quando vais parar?”. Mas ela não se importa nem com as respostas que procuro, nem com a dor que tenho, nem com nada que não seja tentar matar-me. Nem ela sabe o quanto vai ser ajudada: sinceramente também não tenho vontade de viver. Não uma vida assim, não uma vida em que um carinho é um chicote em riste. Não… Eu sou mais do que isso, eu sei-o, e por isso a minha escolha é… Qual será mesmo?

Este É O Meu Derradeiro Pedido...

O dia estava lindo. Era dia seis de Fevereiro, nove e onze na manhã. Por muito que o sol brilhasse, por muito que eu quisesse, as cores não iam brilhar neste dia. Não iam, não podiam… Ainda continuo a pensar naquilo que me tem vindo a invadir os pensamentos toda a minha vida. O meu cabelo entrançado, a minha camisola sem mangas branca, a minha saia rosa – tudo isto é abafado por casacos e cachecóis, exigências rigorosas do Inverno, por isso eu disse, eu digo e continuo a dizer: neste dia as cores não vão brilhar, eu não vou brilhar, nem hoje e provavelmente nunca mais. É cansativo para algumas pessoas tentar tantas vezes e falhar em todas, é duro. A vida não foi feita para todos vivermos, e provavelmente para mim não foi. Provavelmente…? Não de certeza que não foi... E eu, eu já não aguento mais passar cada dia, passar cada hora com esta dor, que ninguém compreende, que ninguém vê. Eu não tenho ajuda possível, neste sítio, em qualquer sítio mesmo, não tenho ninguém que me tire estes casacos, estes cachecóis, para que possa brilhar. Hei-de estar sempre tapada, soterrada por baixo de tudo, no fim do Mundo, longe do Sol.
Por isso este é o meu derradeiro pedido: faz com que isto acabe, pois eu não gosto de viver, e certamente muito menos de tentar brilhar aos olhos de um sol que nem nunca se vai importar...

4.2.08

Dreams For Friends - more personal than it seams to be

Bodmin, 27 de Janeiro de 2003


Querida Meredith,
Como vais aí em Lisboa? Esta é a minha nova morada em Inglaterra. Teria muito gosto em que me viesses visitar e claro, ver a minha nova casa.
Pelos jardins eu passeio, na r
elva, em direcção ao lago. O meu vestido de algodão amarelo claro mexe-se levemente enquanto ando, levanto a aba do meu chapéu branco com um laço amarelo a tempo de ver o sol a começar a descer.
Hoje deitei os meus sapatos de balle
t velhos fora, só para que saibas. Pensei que gostasses de saber uma vez que sempre os adoraste – as maravilhosas sapatilhas de ponta renascença. Há quanto tempo esses tempos já foram não é? Sinto-me velha ao dizer isto mas o tempo passa a correr de facto.
Sei que vais ficar desapontada mas esta é provavelmente a última que escrevo. Não só cartas, mas qualquer outro tipo de textos pois como já estou farta de repetir encontrei os meus sonhos. Encontrei-os, fi-los acontecer, agora é altura de ficar por aqui, a tomar partido deles…
De qualquer maneira não te prendas a mim. Por esse mundo afora existem sonhos diferentes dos meus, vidas diferentes da minha. Por esse mundo afora existem coisas que tu nem imaginas, que eu nem imagino. Por esse mundo afora existem coisas que nunca ninguém viu, que nunca ninguém descobriu – mas com que toda a gente sonha.
Eu porém já não posso partir em busca de tais coisas. Eu já não posso partir mais pois estou presa, presa por correntes. O meu coração prende-me e as correntes, essas são os meus sonhos realizados.
Tu, tu sim deves ir, partir, correr em direcção a esse infinito. Deves voar até às nuvens mais altas, mergulhar nos oceanos mais profundos, correr por entre as ondas que morrem na praia. Tu sim deves dar a volta, girar à volta do Mundo, tu sim deves ver as coisas que eu nunca tive tempo de ver porque me deparei com estes sonhos.
Tu sim deves procurar quem és. Viaja, corre, grita, encontra-te. Não te prendas a futilidades, não te prendas a mim, não te prendas a ninguém, nem à Terra. Olha o sol todos os dias como se fosse a primeira vez, pois pode ser a última.
E só um conselho turístico: visita Londres. Talvez seja a inspiração de que precisas.
Agora fico-me por aqui, pensando ainda nas minhas próprias palavras, na linha entre a Terra e o pôr-do-sol. Talvez esta carta esteja a ser pessoal de mais, talvez não – decide tu, só sei que apesar de já ter os meus sonhos a única coisa em que consigo pensar é na minha morte.
Da sempre tua,

Catherine

Hallelujah...

Tears run down in my face. You finally appeared. I’ve been waiting for you; I’ve been waiting for you all along, since you’ve been gone, since you left me. My stupid red bow is still there, on my hair, in my ridiculously enlighten hair. My black t-shirt is the same, the same you once gave me on my birthday. I’ve been here all along, did you know? Waiting, wishing, hoping. I waited so long that I even thought I was dead, and maybe I am. The coldness of the winter or the heat of the summer has been nothing compared to the pain of not having you around, of thinking you were dead. You don’t even imagine, you will never imagine, because you are… you.
But now I’m done waiting, I’m done wishing, or hoping, or anything else that involves you. I’m done, and I’m leaving right now. I’ve only stick in this awful place just so you could see that I’m not like you, I keep my word. You didn’t… You said you would be here by eight on Tuesday and I waited five long years until you managed to appear.

1.2.08

Lightning Up The Darkness

Estou sentada na escuridão. Um feixe de luz entra pela pequena brecha da porta que ainda está aberta. As sombras fazem esta luz bruxulear dentro do quarto onde eu estou. Mas eu continuo sentada na escuridão como que esperando por algo, os olhos fixos no infinito e a mente a viajar no Universo.
Olho de vez em quando para a porta na esperança de que
alguém entre por ali. Mas quem? É que nem sei… Talvez alguém que saiba responder às minhas questões, que me leve a sítios que nem imagino, alguém que simplesmente me puxe para fora desta escuridão, ou que acabe com isto. Quero sair deste sitio onde estou sempre dentada na escuridão, a olhar sabe Deus para onde. Sabe Deus? Será que Deus sabe? Porque ultimamente ele não parece ouvir-me nem a mim nem a ninguém, pergunto-me se não terá ficado surdo, pois deixar-me assim aqui não é castigo é tortura, os meus olhos aguentam mais esta dor infernizante que os ataca a todos os momentos.
Preciso de alguém que venha e me tire deste sítio
, que me arranque como se me estivesse a levar para sítios que eu nunca imaginei, e que me fechasse os olhos para sempre, para que não doesse mais, para que não vivesse mais, nesta dor insubordinada que é a minha vida, aqui, na escuridão.