6.2.08

Este É O Meu Derradeiro Pedido...

O dia estava lindo. Era dia seis de Fevereiro, nove e onze na manhã. Por muito que o sol brilhasse, por muito que eu quisesse, as cores não iam brilhar neste dia. Não iam, não podiam… Ainda continuo a pensar naquilo que me tem vindo a invadir os pensamentos toda a minha vida. O meu cabelo entrançado, a minha camisola sem mangas branca, a minha saia rosa – tudo isto é abafado por casacos e cachecóis, exigências rigorosas do Inverno, por isso eu disse, eu digo e continuo a dizer: neste dia as cores não vão brilhar, eu não vou brilhar, nem hoje e provavelmente nunca mais. É cansativo para algumas pessoas tentar tantas vezes e falhar em todas, é duro. A vida não foi feita para todos vivermos, e provavelmente para mim não foi. Provavelmente…? Não de certeza que não foi... E eu, eu já não aguento mais passar cada dia, passar cada hora com esta dor, que ninguém compreende, que ninguém vê. Eu não tenho ajuda possível, neste sítio, em qualquer sítio mesmo, não tenho ninguém que me tire estes casacos, estes cachecóis, para que possa brilhar. Hei-de estar sempre tapada, soterrada por baixo de tudo, no fim do Mundo, longe do Sol.
Por isso este é o meu derradeiro pedido: faz com que isto acabe, pois eu não gosto de viver, e certamente muito menos de tentar brilhar aos olhos de um sol que nem nunca se vai importar...

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