3.7.09

Images

Do outro lado da janela crianças brincavam despreocupadas, combatendo as leis da gravidade e soltando gargalhadas terrivelmente inocentes e verdadeiras. Sentada no parapeito da minha janela, observava todo este espectáculo de vida, tão real e porém tão distante e inalcançável. As folhas das árvores no parque lá fora bruxuleavam, fazendo as sombras dançar descoordenadamente. Fechei os olhos lentamente, tentando desesperadamente reter aquela imagem pacífica na minha cabeça. Outras imagens se misturavam, imagens de momentos mais felizes, de sítios coloridos pela felicidade e iluminados pela esperança.

Á medida que o tempo passava, cada vez mais eu me apercebia que a felicidade, o doce som da despreocupação, as palavras pronunciadas irreflectidamente… nada disso era perpétuo, muito pelo contrário, cada vez se desvanecia mais. Á medida que o tempo passava, o sol agora quase encoberto pelo horizonte alaranjado, as crianças a trocar despedidas, agora também elas mais sérias, o dia a ficar calmo, escuro; tudo se desvanecia: a alegria, a felicidade, a inocência. Tomamos as coisas mais banais da nossa infância por adquiridas, e sem darmos por isso elas fogem, abandonam-nos, deixam-nos sem esperança de as reencontrar num inferno frio e solitário.

Abri os olhos e observei a noite a acomodar-se, fria, o vento hostil, o parque deserto, e eu sentada na pedra fria da minha janela de sonhos, agarrando imagens da felicidade que julgava nunca mais conseguir alcançar, como se fossem uma arma contra os pesadelos, uma bóia no oceano negro.

Sexta-feira, 3 de Julho de 2009; 23:04

Para este eu usei como soundtrack Shooting Star dos Air Traffic

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