Uma paisagem linda de montanhas verdes, campos de trigo dourado. Fiquei ali parada a olhar, a olhar como nunca antes tinha olhado para nada… Olhei e as horas passaram, os pensamentos passavam, as lágrimas caíam e secavam.
Estava já o sol a pôr-se quando voltei a mim: continuava no mesmo sítio, a dois ou três passos da linha de comboios, parada a olhar para a paisagem, a minha mala ao meu lado, o meu vestido branco de linho a esvoaçar, bem como o meu cabelo preso num laço vermelho. Foi nessa altura que alguém se aproximou de mim, pôs-se a meu lado e ficou parado assim como eu, e eu peguei em toda a minha coragem e finalmente mexi-me. Olhei para o lado, como quem não queria a coisa, e o que vi foi apenas um rapaz. Apenas um rapaz magricela de cabelo castanho espetado e uma camisa branca.
- Estás a ir ou a vir? – Perguntou
- Não sei… E tu? – Voltei a olhar o horizonte
- Estou a ir para onde o vento me levar – a brisa subitamente intensificara-se e a voz dele mal se ouvia – e o vento trouxe-me até ti…
Olhei para ele, mas… Onde estava? Desaparecera. Olhei à volta, desesperadamente, na ânsia de o encontrar, a brisa já quase que não se sentia…
Pensei mais uma vez nas suas palavras. Não o iria encontrar, afinal ele estava a viajar com o vento, e o vento já partira.
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