12.1.08

Dear Flower...

Floresta Negra, 23 de Fevereiro de 1998

Querida flor,

Como tens passado? Espero que estejas linda como sempre. Infelizmente não posso dizer o mesmo…
A cada passo que dou, a cada inspiração e expiração, a cada batimento cardíaco, me sinto mais frio, mais perdido… Já não sei o que hei-de fazer mais, já não sei para que lado me virar.
A minha vida está mais confusa do que nunca, virada ao contrário, remexida como se fosse uma casa assaltada.
Acreditas que as coisas mais fáceis de fazer antigamente são as mais difíceis de fazer hoje em dia, como respirar? Simplesmente ás vezes paro e pergunto-me: “ Qual é o objectivo? Estou a fazer isto por algum motivo?” e ao contrário do que possas pensar, e sei que terias muitas respostas para estas perguntas, eu já não tenho respostas, e também não as consigo encontrar.
Estou demasiadamente embrenhado na floresta, demasiadamente entranhado nas profundezas do oceano para as conseguir encontrar, para conseguir voltar a viver como dantes. Para a voltar a viver, mesmo no sentido da frase, pois não posso chamar a isto vida: dias sem fim, onde o meu objectivo é tentar sobreviver à próxima hora sem deixar o vento demover-me. A minha vida não tem um fim definido, a não ser o próprio fim, aquele que independentemente dos nossos objectivos ou vidas todos temos, como bons mortais que somos: a morte. E por muito que nos tentemos convencer há certas coisas que não existem na vida. Por exemplo, o amor ou a amizade. Tais coisas não existem nem nunca existiram, é apenas uma invenção de alguém, talvez de uma pessoa, para tornar a vida mais bela e interessante, e nós fúteis, inocentes, esperançosos, fazemos os possíveis por ter amigos, pessoas que nos amam, quando tais coisas nunca acontecem. Eu pergunto-me o que acontecerá quando chegarem todos à minha conclusão, o que sucederá? Vão todos sentir um frio tão grande, como eu sinto neste momento, vão sentir que a vida não tem um fim, mas talvez então o amor passe a existir, já que todos sentiremos falta de calor e de uma razão para viver, quem sabe? Mas quando chegassem as novas gerações elas não saberiam o que o amor e a amizade verdadeiramente são, o que nos levaria de volta ao ponto inicial. Oh! Talvez não valha a pena, de qualquer maneira… Todos nós sempre seremos mais felizes, mesmo que a nossa felicidade seja apenas uma ilusão.
Enfim, apenas escrevi para me despedir e explicar as minhas razões. Afinal se a minha vida não tem um objectivo, não tem um fim, porque não dar-lhe o próprio fim?
Adeus minha flor, sabes que sempre serás a minha correspondente aqui ou noutra dimensão qualquer.

Sinceramente do teu,
Arbusto

Um comentário:

Anônimo disse...

ohhoh a cartinha à flor :DD gosto tanto tanto, esta perfeita :D beijinhoss adoro-tee :b Ines*