26.1.08

Love Song

É doce a música. Toca vezes e vezes sem conta, adocica este ambiente sem dar por isso. É um doce traiçoeiro, só alguns o sabem, mas é. Falar de amor… Onde já se viu? Amor, o que é isso? Amor, o que significa isso? Quando te sussurro ao ouvido “Amo-te” tu nem dás por isso, finges que não ouves, afinal é mais fácil fugir do que ficar e lutar não é?
Um órgão toca nesta música. É uma música lenta e bonita, dá vontade de ficar a ouvir durante muito tempo, durante uma vida inteira, depender dela como se de oxigénio se tratasse… O problema é que traiçoeira, embala as pessoas neste ritmo confortável e se sem aviso pára… Se pára caímos num abismo escuro e frio, não sabemos o que fazer, parece que a única coisa que conhecemos na vida é a solidão e a tristeza.
É terrível… Quando esta música pára, ficamos de respiração cortada, no meio de uma estrada sem começo nem fim, por baixo de uma tempestade, ás voltas num furacão, sem norte… Quando esta música pára apetece-nos desaparecer, evaporar, morrer. Quando esta música pára eu subo os 15 andares de um prédio e olho para a rua que fica lá em baixo, movimentada, as pessoas a parecer formigas, e o som já nem se ouve, como se estivéssemos num mundo à parte, e atiro-me. E enquanto caio penso naquela música bela… Talvez quando chegar ao fim deste pesadelo eu a volte a ouvir, noutro mundo, noutra vida em que não me lembre de quando ela parou…

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